segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Cidades-Sedes : Desafio Para São Paulo


São Paulo é a maior cidade do Brasil, da América do Sul e de todo o hemisfério sul, além de ser considerada a 19ª cidade mais rica do mundo, e a 14ª mais globalizada. Fundada em 1554, a cidade somente desenvolveu-se no século XIX, a partir da economia cafeeira, tornando-se o principal centro financeiro, corporativo e mercantil da América Latina. São Paulo integra a Região Metropolitana, que inclui outros importantes municípios, como Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Osasco e Guarulhos. Hoje a região passa por um gigantesco processo de conurbação com as regiões de Campinas, Sorocaba, São José dos Campos e Santos, formando uma mancha contínua de urbanização pontilhada por algumas reservas florestais.
Tudo na capital paulistana é superlativo, desde sua população até a arrecadação, o que faz com que o município detenha, sozinho,12,26% do PIB brasileiro. A outra face da moeda são os problemas urbanos: congestionamentos, saturação do transporte público, degradação do centro histórico, poluição do ar e dos rios e ocupação desordenada das áreas de mananciais. Apesar disso, por sua influência política e econômica, a cidade é uma das cotadas para receber a partida inaugural da Copa de 2014.


O estádio da Copa

Embora existam propostas para a construção de um novo estádio em São Paulo, especialmente para a Copa de 2014, o Cícero Pompeu de Toledo, propriedade do São Paulo Futebol Clube, no Morumbi, é o mais indicado para sediar os jogos do evento, já que poderia abrigar com facilidade mais de 60 mil torcedores dentro dos padrões de conforto da Copa. O projeto de adequação do Morumbi às exigências da Fifa já está sendo elaborado e, dado o potencial esportivo e de espetáculos da cidade, poderá ser inteiramente empreendido pelo setor privado.
Estádio Cícero Pompeu de Toledo, o Morumbi (crédito: Alexandre Tokitaka / Pulsar)

No entanto, os maiores problemas estão do lado de fora do estádio, nas dificuldades de acesso e estacionamento que hoje afetam a cidade de São Paulo. Para atender às necessidades da Copa, o projeto de reforma do Morumbi prevê a construção de um edifício para 4.800 carros. Mas, como a obra terá que ser construida em área pública, depende de concessão da prefeitura, mediante licitação. Uma alternativa seria a construção de um edifício-garagem junto à nova estação do metrô, no bairro de Vila Sônia, funcionando como ponto de transferência. São Paulo tem uma grande experiência no planejamento e operação de trânsito para grandes eventos, a partir da organização para a Fórmula 1 e esse modelo está sendo incorporado pela Fifa. O desafio é equacionar a questão do estacionamento, dentro de uma política mais geral e não apenas de atendimento aos jogos e eventos realizados no Morumbi.

Infraestrutura para o turismo

Estima-se que a maioria dos 1,6 milhão de turistas esperados para a Copa de 2014 passem pela cidade, seja para visitar seus museus, conhecer sua gastronomia ou simplesmente para chegar a outros pontos de interesse no país. Além disso, perto de 15 mil jornalistas deverão vir à cidade, que provavelmente centralizará todas as operações da mídia mundial.

Na visão das autoridades, os 46 mil apartamentos da rede hoteleira paulistana são mais do que suficientes para atender a essa demanda. Mas, o grande desafio do setor é investir em treinamento e formação de profissionais de atendimento em hotéis, bares e restaurantes para recepcionar os turistas estrangeiros.

Mobilidade urbana

São Paulo possui uma frota de aproximadamente 6 milhões de veículos, entre automóveis, caminhões, ônibus e motocicletas que literalmente enchem e paralisam os principais corredores urbanos nos horários de pico.

As ligações entre o Aeroporto Internacional de Guarulhos e o principal polo hoteleiro internacional, atualmente na região da Berrini, passam pelas avenidas Marginais, permanentemente lotadas e congestionadas, da mesma forma que o Corredor Norte-Sul, que faz o acesso ao Aeroporto de Congonhas.
Por estar tão próxima aos municípios vizinhos, a capital só pode analisar seu sistema viário se englobar também a escala metropolitana e regional. O transporte público conta com uma imensa estrutura de linhas de ônibus com mais de 14 mil veículos, além de metrô e trens, todos conectados pelo sistema de interligação EMTU. Apesar dos investimentos realizados recentemente pelo governo estadual, a rede de trens e metrô ainda está longe de atender adequadamente à população da Região Metropolitana.
No momento está em curso um ambicioso programa de expansão da rede de metrô e de modernização do sistema de trens urbanos, com o objetivo de constituir-se uma única malha de transportes integrados que terá o padrão de qualidade do metrô. Sistemas de VLPs e VLTs, ciclovias e ônibus comuns complementariam a rede.
Em outra frente, o governo federal trabalha para agilizar uma rede de trens de alta velocidade, que ligará São Paulo ao Rio de Janeiro, com conexão a Campinas, onde está localizado o Aeroporto Internacional de Viracopos, e passando pela cidade de São José dos Campos, importante polo tecnológico e industrial do país. O governo promete realizar a licitação ainda em 2009, com a perspectiva de que o sistema já esteja em operação até 2014, mas alguns técnicos questionam a viabilidade desse prazo.
Três terminais rodoviários (Tietê, Jabaquara e Barra Funda) integrados ao metrô complementam a infraestrutura de acesso à cidade, recebendo ônibus de todas as regiões brasileiras, Cone Sul e Bolívia. Um quarto terminal está previsto no bairro de Vila Sônia, próximo ao Estádio do Morumbi. Esta instalação terá característica de Terminal Internacional, pois receberá as linhas com origem na Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai.

Infraestrutura aeroportuária

Para sediar a Copa 2014, e ao mesmo tempo consolidar-se como uma “cidade mundial”, a capital paulista está empenhada na modernização de sua estrutura aeroportuária. Para tanto, a Infraero desenvolveu planos de modernização dos três aeroportos internacionais que servem a região.

As obras de modernização do Aeroporto Internacional de Congonhas, localizado na zona sul da capital, demandarão investimentos da ordem de R$ 165 milhões, e incluem: conclusão do mezanino da ala sul, nova torre de controle, recuperação das placas do pátio de aeronaves, reforma da ala norte e reforma do saguão central. A torre de controle está prevista pare entrar em operação já no próximo mês de outubro.
No Aeroporto Internacional de Guarulhos a construção do terceiro terminal de passageiros é uma das obras planejadas pela Infraero para a Copa, além da construção de saídas rápidas e a ampliação de pátios e áreas de taxiamento de aeronaves. A reforma envolverá um custo de aproximadamente R$ 1,4 bilhão, com previsão de entrega da primeira etapa de obras em 2011 e conclusão final em 2014.
O Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas, a 100 km de São Paulo, passará a ser o principal articulador da malha aeroviária brasileira, segundo os planos da Infraero para 2014. O projeto está avaliado em 2,8 bilhões e compreende uma segunda pista de pouso e decolagem (conclusão prevista para 2013) e a construção da primeira parte do novo terminal de passageiros, que será finalizado somente em 2015.

Desafios de São Paulo para a Copa

O maior e principal desafio para a cidade de São Paulo envolve os problemas de acesso e mobilidade. A cidade pode e deve aproveitar o momento da Copa para desenvolver projetos de sistemas de transporte e atrair investidores privados. Para o evento de 2014, o desafio é construir a tempo a linha de trem rápido São Paulo-Rio-Campinas. Mas o principal legado da Copa seria a constituição de sistemas de transporte de massa na Região Metropolitana.

Um segundo ponto envolve a exposição que a cidade terá durante a Copa, permitindo que São Paulo se consolide como um centro mundial de negócios, especialmente nas áreas de serviços de tecnologia da informação, exploração marítima de petróleo, transformação de carnes e biocombustíveis, entre outras. O principal “gargalo” para esse objetivo são as instalações para abrigar megafeiras, exposições e congressos internacionais.
O complexo do Anhembi pode ser considerado acanhado, diante das grandes feiras como as de Milão, Frankfurt, Nova York ou Barcelona. Apenas para abrigar a Conferência Internacional da Fifa, que acontece simultaneamente à abertura da Copa, será necessário um plenário para pelo menos 5.000 congressistas, ainda inexistente em São Paulo. A prefeitura da cidade já tem um projeto para a implantação de um complexo de grande porte em Pirituba, zona norte da cidade, e a implantação desse equipamento até 2013, é um dos principais desafios de São Paulo para sediar a Copa 2014.
Um terceiro desafio, que poderá ser um legado pós-Copa, envolve a resolução dos problemas de degradação urbana no centro da cidade e que exige tanto investimentos em projetos de urbanização e paisagismo, como o maior rigor nas áreas de limpeza pública e assistência social. Ainda cabe destacar a necessidade de melhorar a qualidade do ambiente construído e enfrentar o problema da poluição dos três principais rios que cortam a cidade, o que demanda investimentos pesados em saneamento.


Evento do Sinaenco em São Paulo

"Mobilidade Urbana e Infraestrutura para 2014: São Paulo no PAC da Copa" foi como se chamou o evento realizado pelo Sinaenco, no dia 26 de agosto de 2009, em São Paulo. Este tema concentrou todo o debate do 8º Encontro da Arquitetura e da Engenharia Consultiva de São Paulo, que reuniu especialistas e autoridades interessados em refletir sobre problemáticas como: mobilidade urbana e infraestrutura para 2014; planejamento de São Paulo para a Copa de 2014; o desafio da construção e modernização das arenas brasileiras; e perspectivas de oportunidades de negócios para os setores de engenharia e arquitetura, que surgirão com a realização da Copa no país.

Quem participou
Marcelo Branco – Secretário de Infraestrutura Urbana e Obras do Município de São Paulo
Caio Luiz de Carvalho – Presidente da São Paulo Turismo
Ruy Ohtake – Titular do escritório Ruy Ohtake Arquitetura e Urbanismo
Vladimir Rioli – Presidente da Pluribank – Engenharia Financeira e Societária
Eduardo Castro Mello – Sócio da Castro Mello Arquitetos
Ailton Brasiliense – Presidente da ANTP – Associação Nacional de Transportes Públicos
Jurandir Fernandes – Diretor-Presidente da Emplasa – Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano
Roberto Scaringella – Presidente da Connection Tecnologia Ltda
Adalberto Febeliano – Diretor de Relações Institucionais da VoeAzul Linhas Aéreas
João Alberto Manaus – Presidente do Sinaenco/SP
Russell Ludwig – Vice-Presidente do Sinaenco/SP
José Roberto Bernasconi – Presidente do Sinaenco
Orlando Silva – Ministro dos Esportes
Alberto Goldman – Vice-Governador de São Paulo
Walter Feldman – Secretário de Esportes do Município de São Paulo
Rogério de Paula Tavares – Superintendente Nacional de Saneamento e Governo da Caixa Econômica Federal
Julio Lopes – Secretário dos Transportes do Rio de Janeiro
Pedro Pereira Benvenuto – Secretário de Economia e Planejamento do Estado de São Paulo
José Luiz Portella – Secretário dos Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo
Paulo Jurandir Fernandes – Diretor-Presidente da Emplasa
Ralph Lima Terra – Vice-Presidente da ABDIB
Paulo Safady Simão – Presidente da CBIC
Jorge Hori – Consultor do Sinaenco
Rodrigo Prada – Assessor de Comunicação do Sinaenco



São Paulo em números
População:
 11 milhões
(estimativa IBGE, julho/2008)
Área: 1.522 km2
Densidade: 7.216,3 hab/km2
IDH: 0,841
(PNUD, 2000)
PIB: R$ 282,8 bilhões
(IBGE/2006)

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